#NãoMereçoSerViolentada

A violência contra mulher em debate em todo o país

Gabriela Perufo e Patric Chagas

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A violência contra a mulher virou o assunto do momento. E veio à tona envolta em uma polêmica que se disseminou desde as mesas de bar até os encontros entre lideranças do país, passando pelos bancos escolares. O gatilho foi a divulgação dos resultados da pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Uma das respostas, a mais polêmica, gerou inclusive uma corrente de protestos virtuais.

O levante de indignação e revolta foi impulsionado pelo que teria sido afirmado por 65% dos entrevistados: mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. O levantamento foi divulgado em 27 de março. Uma semana depois, o Ipea voltou atrás e disse que, na verdade, 26% dos entrevistados concordavam com a afirmação.

Ainda que o número seja expressivamente menor, ainda é preocupante. E o erro do instituto fez com que a discussão continuasse em pauta. Em Santa Maria, a partir de agosto ou setembro, devem passar a funcionar a Patrulha Maria da Penha e a Sala Lilás. E ainda são aguardadas tornozeleiras eletrônicas, que devem manter os agressores longe de suas vítimas (veja páginas 12 e 13).

Assim que o resultado da pesquisa do Ipea foi divulgado, uma campanha de conscientização ganhou as redes sociais: pessoas publicaram fotos segurando cartazes com a hashtag "eu não mereço ser estuprada" e "ninguém merece ser estuprado". Além disso, a presidente Dilma Rousseff se manifestou sobre o resultado da pesquisa, em seu perfil no Twitter. A novela das 9, Em Família, de Manoel Carlos, exibiu uma cena que o casal protagonista, Helena e Virgílio, conversa e se mostra indignado com o resultado da pesquisa.

Conforme Nikelen Witter, professora de Temas de História das Mulheres do Centro Universitário Franciscano (Unifra) e pesquisadora de assuntos ligado a gênero, a Lei Maria da Penha, o resultado da pesquisa do Ipea e a tramitação no Congresso para oficializar o termo "feminicídio" (utilizado para assassinatos motivados por conflitos de gênero) na lei brasileira são importantes para que o assunto não perca a sua relevância.

Pesquisa mostra que Brasil precisa de avanços

Enquanto a pesquisa do Ipea revelou que 81% dos entrevistados concordam com a afirmação "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher" ou que quase 90% concordam que "roupa suja deve ser lavada em casa", o Brasil registra um número de 5,6 mil mortes de mulheres por conflito de gênero. A média anual é resultado de outra pesquisa, também feita pelo Ipea, nos anos de 2009, 2010 e 2011.

Além disso, a professora Nikelen chama a atenção para o fato de 65% dos entrevistados concordarem que "mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar". Conforme a professora, além de destacar que ainda existe uma cultura do machismo no país, esse tipo de afirmação é cruel.

_ Mais de 60% dos entrevistados disseram que o homem tem que ser a cabeça do lar. Se formos analisar, são vários os motivos pelos quais as mulheres que são vítimas seguem com seus parceiros. A pobreza, a humilhação de assumir que foram agredidas ou até mesmo a cultura, já que muitas delas viram as próprias mães apanharem. São uma série de motivos, menos que uma mulher gosta de apanhar _ explica a professora.

Com relação aos números que fazem referência ao estupro, a professora acredita que a estatística reflete uma cultura da violência sexual que está diretamente associada ao machismo.

_ Toda vez que deslocamos a culpa para vítima, como quando falamos sobre o modo de se vestir, ou quando alguém questiona "por que você se casou com o fulano?", reafirmamos esta cultura em nosso país _ defende Nikelen.
Para a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Margarida Mayer, é preciso trabalhar a questão da equidade de gêneros para acabar com a violência:

_ É necessário mudar a cultura de entendimento de que a mulher é segunda categoria. É uma mudança c"

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